Visita à EFA Puris, Araponga-MG

Acabo de chegar do município de Araponga-MG, estávamos realizando uma aula de campo da disciplina do Estágio obrigatório do curso de Geografia da UFV. Foi uma visita à Escola Família Agrícola Puris -EFA- na comunidade de São Joaquim pertencente ao município de Araponga. O local já foi habitado a algum tempo atrás por comunidades indígenas, os índios Puris. A Escola Família Agrícola Puris foi inaugurada oficialmente no ano de 2008. Mas já aconteciam aulas em uma casa situada na comunidade antes dessa data. As EFA's empregam a Pedagogia da Alternância que nasceu na década de 1930 na França. Desenvolveu de uma iniciativa de pequeno grupo de agricultores franceses que insatisfeitos com o sistema educacional de seu país, que a seu ver, não atendia a especificidades do meio rural, resolveram então criar um escola com o auxílio de um padre católico. Já no Brasil, esse sistema começou no ano de 1969, no estado do Espírito Santo, onde começaram com três escolas, a Escola Família Rural de Alfredo Chaves, Escola Família Rural de Rio Novo do Sul e Escola Família Rural de Olivânia, está última no município de Anchieta. O viés de criação desse tipo de pedagogia aqui no Brasil se deu pela necessidade de que os filhos dos agricultores tivessem um ensino voltado para o campo, ou seja, para sua realidade. A EFA-Puris foi uma iniciativa da associação dos produtores rurais do município de Araponga, sendo o terreno onde a escola foi implantado comprado por 80 trabalhadores rurais que dividiram em partes iguais para os seus compradores, sobrando dessa divisão uma área de 1,96 ha, local onde foi usado para a construção da escola. A experiência de uma educação voltada para o filho de trabalhador rural foi trazida de uma escola que existia na Colônia Vaz de Mello, em Viçosa, distante 45 quilômetros da escola. Hoje a EFA-Puris conta com diversos parceiros, dentre eles a Universidade Federal de Viçosa, através de seus Departamentos como o Departamento de Solos (DPS), Departamento de Educação (DPE), Departamento de Engenharia Agrícola (DEA), Departamento de Zootecnia (DZO), Departamento de Geografia (DGE), Centro de Tecnologia Alternativas (CTA), etc. Seu financiamento é realizados em grande parte pelas diversas parcerias, principalmente da vontade da comunidade em criar essa escola e mante-la aberta, funcionando, devido ao grande esforço empregado pela comunidade para conseguir que o governo estadual registrasse a criação dessa escola, dificultado por uma burocracia da má vontade. Hoje o Governo do Estado ajuda a manter em funcionamento essa escola enviando verbas para o pagamento dos Monitores, dinheiro da merenda escolar, sendo que esse repasse se enquadra na legislação da Educação do Campo. Também tem investimentos do Governo Federal através do Ministério do Desenvolvimento Agrário que manda verbas para expansão da infraestrutura física, como esta acontecendo atualmente para a construção de um prédio de 3 andares. A escola tem 62 alunos que passam 15 dias em regime de internato na escola, fazendo atividades desde às 07:00 da manhã até às 22:00 horas da noite, tudo sem ser de modo cansativo, massante. Depois 15 dias em casa, ajudando a família e a comunidade, sempre relacionando o que foi aprendido enquanto tempo escola. O aluno leva pra casa um caderno de anotações, onde ele anota as duvidas recorrentes do dia-a-dia, depois em sua volta para a escola, esse compartilha essa duvida, sendo isso usado como temas geradores. Pra quem conhece a educação tradicional do meio urbana se encanta com o modo de ensinar utilizado por escolas como as EFA's, unindo teoria e prática, garantindo o interesse do alunos, aplicando na maioria das vezes aquilo que eles aprendem em "salas de aulas" para suas vidas. Os alunos quando completam o ciclo do segundo grau (a EFA Puris oferece o 1º, 2º e 3º ano do ensino médio) mais de 90% prestam algum tipo de vestibular (ENEM), obtendo vagas nas universidades para continuarem seus estudos. Na Universidade Federal de Viçosa já tem alunos de Zootecnia, Cooperativas, Letras, Ciências Contábeis etc. que passaram os 3 anos de ensino médio na Escola Família Agrícola Puris.