Um dos maiores avanço da ciência nos últimos anos foi a Revolução Verde (década de 1960), mas também está sendo o maior atraso do homem em pleno século XXI. Em essência, a Revolução Verde foi uma gama de transformações na forma de se praticar a agricultura em países desenvolvidos e subdesenvolvidos. Houve nesse período mudanças nos códigos genéticos das plantas, melhoramentos em afim de melhorar a produtividade, produção de sementes híbridas, uso de fertilizantes, além de fazer uso de mecanização agrícola e etc. Todo esse aparato tecnológico que estava então chegando ao campo, tinha um viés de produzir alimentos para todas as pessoas do mundo. A partir de então, várias empresas se apossaram da natureza das plantas depois de efetivarem sua modificação genética, adquiriram a tal patente. Por exemplo, a Monsanto produz sementes híbridas, por isso, se um agricultor compra 1 Kg de semente de milho híbrido, ele pagará para ter sementes de qualidade produtiva muito boa, porém de uma única safra, se o agricultor retirar da produção 1/25 da produção de sementes para próximo plantio, ele não produzirá uma espiga sequer, pois a natureza da semente, ou seja, do caroço de milho está geneticamente modificada para não germinar, além de ter que comprar mais sementes para continuar produzindo, ele é obrigado a comprar o herbicida, o fungicida e etc, pois ao adquirir uma semente híbrida, ele é obrigar a levar o pacote, o qual sem, também é inviável a produção . Essa monopolização da agricultura comandada por grandes corporações como a Monsanto, Bayer, dentre outras estão dominando a natureza a fim de benefícios próprios, que é o lucro e com o falso discurso de se produzir para 7 bilhões de pessoas.
Portanto, quando vejo a universidade que eu estudo se misturando com a FAO/ONU, UNESCO vejo no tamanho da hipocrisia que ela esta se enfiando. Digo isso porque, num mundo onde existem 7 bilhões de pessoas, grande nível de produtividade agrícola e ainda ter mais de 970 milhões passando fome, vejo que tudo que fala em produção para matar a fome mundial, não passa de mentiras contadas. Acho que agora é a hora das Ciências Humanas de Forma Geral participar do encontro que ocorrerá na UFV, se inteirarem mais com essas discussões. Milton Santos já dizia que o problema da fome no mundo não é produção, o problema é de distribuição. Não só dos alimentos, que é a necessidade mais básica do ser humano, mas também de outras riquezas, além de cultura e conhecimento, mas isso não de forma imposta, mas de forma a valorizar o que muitos africanos, asiáticos e outros cidadãos do mundo (se é que podemos chamá-los de cidadão) já fizeram como forma de expressão cultural.
Nos dias 18 e 19 de novembro a Universidade Federal de Viçosa realizará o encontro internacional de combate a fome, espero que no mínimo intervenções concretas sobre a questão da fome no mundo, não adianta mais ficar apenas teorizando, fazendo belos discursos, até porque sabemos que isso não enche barriga. Peço que a administração da UFV, juntamente com todos os Departamentos peçam aos líderes mundiais garantias de promessas cumpridas em troca da produção do conhecimento gerado na Universidade Federal de Viçosa.
Chega de Revolução Verde, agora é a hora da Revolução Vermelha.